(Foto: Reprodução) Número de casamentos LGBTQIA+ cresce mais de 400% em MS
O número de uniões cresceu 416% em Mato Grosso do Sul, desde 2013, quando o casamento civil entre pessoas LGBTQIA+ passou a ser permitido no Brasil. De acordo com o Portal da Transparência do Registro Civil, apenas nos seis primeiros meses de 2025, o estado já contabilizou 134 novos casamentos. Veja o vídeo acima.
Segundo a Associação dos Registradores de Pessoas Naturais de Mato Grosso do Sul (Arpen-MS), o aumento está ligado ao maior acesso da população a informações sobre seus direitos.
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O presidente da Arpen-MS, Marcus Roza, afirma que os cartórios ajudam a mapear esses avanços. “Somos quase 7.500 cartórios, todos interligados por uma central nacional. É por meio desse sistema que conseguimos compilar os dados. E esses dados são fundamentais para pensar políticas públicas”, diz.
Roza também destaca a importância da divulgação dos dados e da parceria com a imprensa: “Quanto mais informada a população estiver, mais ela vai em busca de seus direitos. Por isso vemos esse crescimento”.
História de amor
O casal Alexandre Clemente Fernandes, personal trainer, e Nala Delgado Arruda Clemente, estudante de enfermagem, é exemplo desse avanço. Eles se casaram em 2024, após dois anos de amizade e um ano de namoro.
O pedido de namoro teve direito a surpresa e clima de festa. “Parei o pagode, um monte de gente da nossa convivência, família, amigos da faculdade, todo mundo com plaquinhas e fotos nossas. Aí cheguei com uma aliança e pedi ela em namoro”, lembra Alexandre Clemente.
Depois, o pedido de casamento também teve clima especial. Durante um jantar em uma pizzaria, no dia 29 de março de 2024, veio o momento: “Ela falou: ‘Ah, amor, queria ir no rodízio de pizza’. E eu disse: ‘Escolhe onde você quer ir’. Já tinha comprado tudo, só faltava o momento certo. Tudo é um espetáculo quando é pra ela”.
Alexandre é um homem trans e Nala, uma mulher trans. Eles oficializaram o casamento em abril de 2024 e fizeram uma grande festa em junho, como sempre sonharam.
“Minha família é 100% crente, sempre religiosa, e estava toda presente. Minha mãe e minha avó entrando comigo… foi algo extremamente emocionante. É muito bom! Toda vez eu vejo o vídeo pra recordar, porque foi o nosso momento!”, conta Nala.
Ela destaca a importância simbólica do casamento: “Por eu ser uma mulher trans, achei que isso nunca fosse possível. Ter todos os processos respeitados – pedido de namoro, noivado – é muito importante, tanto pra mim quanto pra outras meninas como eu”.
Alexandre reforça que o amor entre pessoas trans também precisa ser reconhecido: “Queria mostrar que isso pode ser concretizado. Que é possível uma mulher trans se vestir de véu e grinalda, como era o sonho da minha esposa. Por que isso seria inalcançável? Por que não seria uma bênção termos um pastor abençoando nosso amor? A gente se ama, se cuida e se respeita como qualquer outro casal”.
Como casar no civil
Para se casar no cartório, é necessário apresentar documentos pessoais, duas testemunhas e uma certidão atualizada de nascimento ou casamento. De acordo com a Arpen-MS, vários cartórios já emitem a certidão no próprio local, graças ao sistema nacional interligado.
Nala e Alexandre com certidão de casamento.
João Carlos Correa/ TV Morena