Desmatamento na Mata Atlântica cai 27% no país em 2023, mas aumenta na transição para Cerrado e Caatinga

  • 21/05/2024
(Foto: Reprodução)
Atlas da Mata Atlântica aponta que área desmatada entre janeiro e dezembro do ano passado foi de 14.697 hectares no país; em 2022, foram 20.075 hectares. Segundo o Sistema de Alertas de Desmatamento Mata Atlântica, entre 2022 e 2023, desflorestamento cresceu em áreas de transição de biomas. Voo mostra área desmatada na Bahia Divulgação/SOS Mata Atlântica O desmatamento da Mata Atlântica teve uma redução de 27% em 2023 no Brasil, se comparado com 2022 na parte contínua do bioma. Porém, o desflorestamento aumentou em fragmentos isolados e áreas de transição nos limites com o Cerrado e a Caatinga. O cenário é apontado pelos dados consolidados da 18ª edição do Atlas da Mata Atlântica, coordenado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e pelo Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) Mata Atlântica, feitos através de uma parceria entre a SOS Mata Atlântica e o MapBiomas. Segundo os dados de janeiro a dezembro, o desmatamento nessas áreas caiu de 20.075 hectares, em 2022, para 14.697 hectares no ano passado. A queda de 27% no desflorestamento interrompe um período de dois anos de perdas acima de 20 mil hectares. Porém, segundo o Atlas, os 14.697 hectares suprimidos de florestas ainda estão acima dos valores obtidos em 2018, 2019 e 2020. "Este é um valor alto, considerando-se que se trata dos 12,4% de matas maduras da Mata Atlântica, onde estão os maiores remanescentes, mais bem conservados, com maior estoque de carbono e maior biodiversidade", aponta o estudo. E complementa: "Estes são reconhecidos como Patrimônio Nacional, pela Constituição Federal, e protegidos por uma lei especial - a Lei da Mata Atlântica. Esta situação está na contramão de estudos internacionais que apontam a Mata Atlântica como um dos biomas prioritários no mundo para ser restaurado". Os dados do Atlas mostram ainda que houve aumento do desflorestamento em quatro dos 17 estados em que o bioma está presente: Piauí, Mato Grosso do Sul, Ceará e Pernambuco. No Rio Grande do Norte, houve uma variação que indica uma pequena alta, mas diferente dos demais estados com esta tendência. Já a redução foi vista em 12 estados: Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo. Os estados de Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, que costumam estar entre os que lideram o ranking de derrubadas, desta vez se destacaram positivamente, com queda de, respectivamente, 57%, 78% e 86% nas taxas. O Atlas também apontou que quatro estados acumularam 90% do desflorestamento: Piauí: 6.192 hectares; Minas Gerais: 3.193 hectares; Bahia: 2.456 hectares; Mato Grosso do Sul: 1.457 hectares. Desmatamento nas áreas de transição Área da Mata Atlântica desmatada no estado da Bahia Divulgação/SOS Mata Atlântica Contudo, apesar de o estudo do Atlas apresentar diminuição no desmatamento da Mata Atlântica, o bioma ainda inclui regiões em recuperação ou em estágios iniciais de desenvolvimento, o que amplia sua cobertura vegetal total para 24%. E é esta a abrangência analisada pelo SAD Mata Atlântica. O SAD é capaz de detectar desmatamentos a partir de 0,3 hectare, e com isso apontou que o desflorestamento total saltou de 74.556 hectares para 81.356 hectares entre 2022 e 2023, o que equivalente a mais de 200 campos de futebol desmatados por dia. Diretor-executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto afirma que a diferença entre os números do Atlas e os do SAD se dá sobretudo pelo aumento das derrubadas observadas pelo SAD em encraves no Cerrado e na Caatinga, destacadamente nos estados da Bahia, no Piauí e no Mato Grosso do Sul. O encrave é uma faixa de um bioma isolado e rodeado por uma vegetação com características diferentes. No Piauí e em Goiás, por exemplo, toda a Mata Atlântica está em encraves localizados na transição entre os biomas, e há áreas na mesma situação na Bahia, em Minas Gerais, Ceará e Mato Grosso do Sul. “É importante entender que, no passado distante, o Brasil era coberto por uma imensa floresta tropical. Ela foi se dividindo a partir das glaciações e mudanças no clima, mas, nesse processo, restaram o que podemos chamar de ‘ilhas’ de vegetação típica da Mata Atlântica dentro de outros biomas, os encraves”, esclareceu Luís Fernando, em nota. Os números do Atlas e do SAD Mata Atlântica apontam a mesma tendência: redução de desmatamento no bioma Mata Atlântica e aumento nos encraves dos outros biomas. O SAD identificou também um aumento considerável do desflorestamento nas transições e em encraves no Cerrado e na Caatinga principalmente na Bahia, no Piauí e em Mato Grosso do Sul. Essa perda, mesmo com todas as restrições ao desmatamento estabelecidas pela Lei da Mata Atlântica, inclusive nos encraves, se deu majoritariamente onde há expansão agrícola. "A redução no desmatamento na área contínua em parte da Mata Atlântica é um sinal encorajador de que as políticas de conservação e o monitoramento intensivo estão produzindo resultados positivos, assim como o que temos visto na Amazônia. Está evidente que os desafios na Caatinga e, especialmente, no Cerrado são maiores que nunca, assim como a aplicação da Lei da Mata Atlântica nas regiões de transição", afirmou Luís Fernando, também em nota. E complementou: "Perto do Pampa, na região Sul, a situação também é preocupante. Alguns dos municípios mais afetados pelas recentes enchentes no Rio Grande do Sul, como Muçum e São Francisco de Paula, fazem parte do bioma Mata Atlântica”. Para ele, enquanto não houver um olhar integrado para todos os biomas, tanto no que se refere a zerar o desmatamento quanto à priorização da restauração florestal, as crises do clima e da biodiversidade continuarão a se intensificar. "De nada adianta puxar o lençol para a cabeça e descobrir os pés. Menos floresta representa mais desastres naturais, epidemias e desigualdade. Para a agricultura, significa também quebras de safra recorrentes. Qual é o sentido de termos tanta área agrícola se não conseguimos manter a saúde dos ecossistemas que sustentam a produção?” A Mata Atlântica A Mata Atlântica é um dos seis biomas no território brasileiro (veja mapa acima). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é uma das áreas mais ricas em espécies da fauna e da flora, e fica na região litorânea, ocupada por mais de 50% da população brasileira. É o bioma mais ameaçado do Brasil. O Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica abrange todos os limites do bioma nos 17 estados em que ele está presente: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Piauí, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Santa Catarina, Sergipe, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. Desde a oitava edição do Atlas, o Piauí foi incluído após a realização do trabalho de campo para a identificação dos remanescentes florestais. A metodologia do Atlas considera como referência de limite de interpretação o Mapa da Área de Aplicação da Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428, de 2006). Ele tem com o objetivo determinar a distribuição dos remanescentes da Mata Atlântica, monitorar as alterações da cobertura vegetal e gerar informações permanentemente atualizadas sobre o bioma, monitorando áreas superiores a três hectares em florestas maduras, que constituem 12,4% do bioma. Entenda as ferramentas complementares Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, o Atlas da Mata Atlântica oferece uma “fotografia” anual da situação dos grandes fragmentos florestais do bioma, que são de maior importância para a biodiversidade e pretende embasar políticas de longo prazo para a conservação da Mata Atlântica. OS dados de desmatamento inventariados e publicados no Atlas são essenciais para que os municípios inseridos nos limites da Lei da Mata Atlântica possam organizar estratégias para conscientizar a população e políticas para o monitoramento da vegetação natural", diz Silvana Amaral, pesquisadora e coordenadora técnica pelo Inpe, em nota divulgada ao g1. As informações compiladas pelo SAD Mata Atlântica, por sua vez, são divulgadas semanalmente na plataforma MapBiomas Alerta, com o objetivo de gerar uma documentação ágil e completa para cada alerta de desmatamento, buscando celeridade e eficácia nas ações dos diversos órgãos de fiscalização. “Os sistemas operam com métodos diferentes, ajustados aos seus objetivos, e os resultados se complementam e contribuem para uma compreensão mais completa da dinâmica da cobertura vegetal e uso da terra na Mata Atlântica. O SAD e o Atlas funcionam como 'lentes' analíticas distintas, mas ambos são essenciais para entender a história e a situação atual do bioma e para o desenvolvimento de estratégias de conservação e restauração”, disse Marcos Rosa, diretor da Arcplan e coordenador técnico do MapBiomas, em nota. Os dados completos e detalhados estão disponíveis no relatório do Atlas da Mata Atlântica 2022-2023 e no painel do SAD Mata Atlântica.

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2024/05/21/desmatamento-na-mata-atlantica-cai-27percent-no-pais-em-2023-mas-aumenta-na-transicao-para-cerrado-e-caatinga.ghtml


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